Faz pouco tempo essa minha adesão à alimentação vegana.
O curioso pra mim é que, no instante em que tomei a decisão (que foi quando realmente parei pra me informar assistindo filmes, documentários, lendo revistas, livros e sites) veio uma sensação de alívio.
Eu achei que seria difícil, porque é uma mudança profunda na forma de se alimentar. Dá trabalho no início, tem que ler os rótulos de tudo, a composição dos produtos, fora os desejos...
Mas como tudo, depois que a gente se familiariza, fica automático.
Tá meio cedo pra cantar vitória, mas desde o dia da minha decisão, tive zero dúvida, zero tentação.
O que não quer dizer zero conflito.
Meu conflito atual é que o meu trabalho é fotografar gastronomia.
Eu amo fotografia, eu amo gastronomia, eu amo cozinha, eu amo a galera da cozinha.
Quando eu entrei pra este segmento, fiquei muito, mas muito feliz. Eu ainda comia de tudo, nem pensava e muito menos conhecia a indústria animal.
Agora me vejo na seguinte situação: consegui trabalhar naquilo que gosto, gosto das pessoas, gosto da gastronomia, adoro a galera da cozinha, mas depois que parei pra conhecer as práticas da indústria, não me sinto mais confortável fotografando comida. Muita carne, muito leite, muita manteiga, muitas delícias e muito bicho sendo confinado, torturado e morto non stop, para todo o sempre.
Não posso mais.
Então, estou tendo que ter sangue frio pra fazer uma transição para outro segmento e quase toda transição é lenta.
Lenta demais.
Tomara que eu consiga logo.
Estou me oferecendo para ONGs e marcas veganas para fotografar de graça, pra tentar contrabalançar a culpa, mas ou elas ficam longe demais ou já têm fotógrafo.
Tô me sentindo Israel e Palestina unidos numa pessoa só.
Mas eu dou um jeito. Sempre dou um jeito. Quando essa novela acabar, sentirei novo alívio.
Que venha.
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